4 de junho de 2012

A realidade agora a preto e branco


        A troika veio novamente a Portugal, foi a quarta vez em menos de um ano. E, desta vez, não esperei pelos órgãos de informação e pelas estrelas televisivas para me informar sobre o que foi escrito pela própria mão da troika. Fui ler o documento, simples e pragmático, sem grandes estilos de retórica, de três páginas, em Inglês. E, basicamente, lê-se logo no primeiro parágrafo que o programa de ajustamento está a correr melhor do que o esperado: “The authorities are implementing the reform policies broadly as planned and external adjustment is proceeding faster than expected.”
        Uma boa notícia que se junta a outra que é de que o crescimento económico para 2012 é superior ao esperado, mas que o desemprego situar-se-á nos 16% no próximo ano, apesar das tensões ainda dentro da zona Euro.
São tempos especiais os que vivemos, em que ninguém pode sentir-se inocente e que hoje não esteja a sofrer na pele as consequências. Mas, na hora de atribuirmos responsabilidades,  não compliquemos e sejamos lúcidos e justos. A situação a que chegamos tem um nome e um rosto, lembremo-nos dos últimos 17 anos políticos e estamos conversados. Por isso não percebemos para onde corre António José Seguro, e para onde pretende levar o país com o seu discurso de que seria possível outro caminho, que o crescimento económico poderia existir antes da disciplina orçamental, contra tudo aquilo que dizem economistas e analistas nacionais e estrangeiros. Para onde corre Seguro eu não sei, mas não creio que também ele saiba muito bem para onde vai, falta-lhe, talvez, capacidade de encaixe. E, seguramente, os tempos mudaram. E mudaram muito!

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