3 de dezembro de 2013

Não ao senso comum?

Não Acredite em tudo o que Pensa (Tinta da China, 2013) e A Arte de Pensar com Clareza (Temas e Debates, 2013) são dois títulos preciosos que nos ajudam a manter a salubridade em tempos conturbados. Porque à frente do televisor, assistindo aos petardos lançados por adeptos azuis, em fúria contra um homem que é treinador de futebol, logo falível como qualquer outro, ou vendo no facebook as centenas de partilhas das imagens de John Walker morto e com a cara desfeita (seria mesmo ele?), enquanto nos confrontamos com novas prescrições éticas e morais, lançamos ininterruptas interrogações para a estratosfera informativa sobre o sentido de muita coisa. E ligamos novamente o televisor, ou um minuto no face, para percebermos o quanto encontramos falsas soluções e intermitentes esperanças, como também acreditamos fragilmente que a esperança ainda existe algures no olhar esguio de uma criança traquina e aventureira.
Não Acredite em tudo o que Pensa (subtítulo: Mitos do senso comum na era da austeridade; autor: José Soeiro, Miguel Candina e Nuno Serra) explicam alguns mitos de uma certa classe média urbana que vive espantada com as coisas do mundo. E, sim, a cultura pode viver do mercado, se ela própria foi capaz de gerar um mercado. Este e outros são alguns dos mitos desmontados!
Em A Arte de Pensar com Clareza (subtítulo: 52 erros de raciocínio que não devemos cometer; autor: Rolf Dobelli) confronta-nos com uma série de questões novas e emergentes, para as quais o nosso cérebro não estaria devidamente preparado. Num mundo em mudança acelerada e incessante, as nossas estruturas intelectuais, em alguns aspetos, ainda estão mais perto do homem caçador-recoletor do que do homo nouus.

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