18 de março de 2011

Seguramente, não são farinhas do mesmo saco

O país anda nervoso, assim os portugueses, assim a classe política, assim os mercados. A ameaça de uma crise política está a tomar proporções muito para além daquelas que seriam normais. Ou seja: se há uma crise política instalada, mais importante do que saber quem a provocou (Pinto culpará Coelho, Coelho culpará Pinto), é saber qual o leque de opções que os portugueses têm. Quanto mais depressa decidirmos sobre o caminho a seguir, mais depressa vamos trabalhar para sair deste mega-impasse em que vivemos mergulhados há meses.
No entanto, esclareçamo-nos num aspecto: uma crise, mesmo que política, não é o fim do mundo, e tendo em conta a situação difícil em que o país se encontra, não sei se o melhor não é mesmo que ela ajude a regenerar e a reorientar o rumo a que nos fomos conformando nos últimos anos.
O actual governo está muito desgastado. Não há dia, semana, ou mês que passe sem que existam polémicas e animosidades na governação, mesmo em sectores onde ainda há pouco tempo havia alguma paz, e em que as políticas sejam remendadas com discursos rectificativos que têm por objectivo o efeito mediático e imediatista de quem anda desorientado e já pouco tem a dar ao país.
Agora andamos todos novamente a falar de crise em torno do PEC 4, daqui a uns meses teremos um PEC 5, depois vem o orçamento de estado, mais austeridade, mais não sei quê, mais não sei que mais... Vai ser uma gigantesca roda viva de contactos, reuniões, conferências de imprensa, desentendimentos, desinformação, horas e horas gastas na TV e na imprensa, para, em bom rigor, não revolver problema nenhum. Portanto, já é suficiente, foi bom enquanto durou, mas temos de ir em frente porque atrás vem gente. A queda de um governo, ou em bom senso a sua demissão, não é nenhum drama, nem é vergonha, nem fraqueza, nem estupidez. É o seu contrário. E é isso que meio país tem vindo a dizer de todas as formas possíveis. E isso não tem encontrado eco em quem de direito.
O país precisa de empreendedorismo, de emprego, de ideias inovadoras, de transparência, de democracia, de responsabilidade, de liderança, de criatividade, de ideias, de projectos, e de trabalho, muito trabalho. E também precisa de todos, sem excepção.
(Post escrito ainda sem as regras do novo acordo ortográfico).

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