14 de janeiro de 2011

Da Moral e Outras Contas

No próximo dia 23 de janeiro, esperemos que uma vasta maioria de portugueses eleja o novo Presidente da República. E, tal como diz Luís Delgado, poucos se lembrarão de uma campanha eleitoral tão impiedosamente pobre e destituída de um debate aberto e auspicioso que seja capaz de rasgar o futuro e condicionar as nossas vidas nos próximos anos, para já não falar da próxima geração. Nada disso! O diário desta campanha não passa de uma série de folhetins camilianos, além de, por vezes, parecer que há cinco candidatos contra um, ou seja, de um lado Cavaco Silva, actual presidente, o candidato da direita e do centro-direita; do lado oposto todos os outros candidatos (Moura, Lopes, Nobre, Coelho e Alegre), que nunca foram presidentes, representantes da esquerda e do centro-esquerda. 


Mas, dizem as pesquisas, a escolha dos portugueses afigura-se-nos cada vez mais provável, como tal não acho que seja uma estratégia auspiciosa cerrarem fileiras em torno de episódios menores que pouco contribuem para a resolução dos problemas que o país atravessa. Não creio que, pedindo a demissão, ou suspendendo a campanha para dialogar com os outros líderes europeus e mundiais, em prol das finanças públicas nacioais, o ainda presidente vá resolver o que quer que seja. Não apenas me parece uma má estratégia per si, como, da mesma forma, não respeitaria o sistema político que temos. Até porque a derrocada das finanças públicas do país tem um rosto.


É que querer provar que se tem mais legitimidade democrática do que o vizinho, pelo passado ou pelo status que se tem, é como atravessar às cegas uma linha de comboio. Tristemente, no dia 23, perguntar-nos-emos: campanha, qual campanha?

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