6 de março de 2016

A Cartilha

In Açoriano Oriental, 5ª feira, 3 de março de 2016

A democracia é assim. Ainda há pouco elegemos o Presidente da República, como em breve estamos em pré-campanha política para eleger o Presidente do Governo Regional dos Açores. E cabe a todos defender, seja por que via for, aquilo em que se acredita. É o que torna o sistema salubre: podemos decidir livremente, e em consciência, a opção que melhor serve os destinos de uma sociedade plural, livre e democrática.
E, viajando na corrente, não poderia deixar de refletir nas inúmeras aptidões - as competências, em inglês “skills” – que um líder político deve abarcar, que não de forma explícita, pelo menos, implícita. As mesmas aptidões que mais tarde marcarão o estilo de governação.
E um líder deve ter “soft and hard skills” . Tem de saber desafiar os próprios desafios. De conceber e construir a diferença. Tem de ser suficientemente maduro, responsável e consciente para desempenhar os cargos. De não temer o poder da verdade. De não emitir juízos precipitados sobre os adversários (sobretudo quando está em jogo o interesse público e coletivo). Deve partilhar a informação e o conhecimento, ao invés de guardá-los para uma ocasião vantajosa. Aproveitar as oportunidades que lhe foram concedidas. De assumir a sua responsabilidade na primeira pessoa. Projetar as suas e as ideias dos demais no futuro – debatendo-as, escrutinando-as, validando-as.
O líder político também deve ser ideologicamente evoluído, capaz de compreender a realidade para transformá-la em algo maior. Sem correntes de submissão ou subserviência. Sem revoltas disruptivas. Sem perturbações domésticas. Sem escravidões de nível intelectual. Sem complexos que obstruam o valor de uma estratégia real e coletiva. Sem rasteiras que surjam do passado. Sem tiques sórdidos que, outros, outrora, ou os mesmos de sempre, carregam nas suas longas e gastas carreiras políticas.
E, por último, o momento da governação, ou, como diz o ditado, não se nasce aprendido. Mas como? Sobretudo, orientando a governação para as pessoas. Responsabilizando os maus pelos erros do passado. Acabando com a proteção de setores improdutivos. Reformando as instituições que não produzam resultados ou conhecimento úteis. Cortando despesa supérflua e atenuando o défice público. Aproveitando melhor os recursos disponíveis como se fossem os últimos. Reduzindo os encargos com a classe média empreendedora e produtiva. Combatendo a evasão fiscal. Moralizando os cargos e os gestores públicos. Promovendo a ética na política e nos negócios – reescrever um novo código de valores para políticos e gestores públicos. Orientando as estratégias das empresas para um mercado hipercompetitivo. Promovendo fontes renováveis de energia. Aprofundando o debate sobre desenvolvimento central e desenvolvimento local, garantindo a sustentabilidade de qualquer iniciativa de foro público ou privado – em regime de parceria e não de paternalismo.

Sem comentários: