19 de fevereiro de 2011

Parvos é o que eles definitivamente não são


Já o grande Luís Vaz dizia que mudando-se os tempos, as vontades de igual modo vão mudando. Não foi bem assim, mas o itálico permite-me usar livremente as ideias e não as palavras tal qual. E muito bem percebeu Luís Vaz os sentidos mais recônditos destas ideias, sendo ele vítima-mor das mudanças efémeras do seu tempo. Isto a propósito de uma música dos Deolinda ("Que parva que eu sou") que está a fazer, de há semanas para cá, um furor anormal na internet, e que alguns tentam que a canção se transforme numa espécie de hino geracional de revolta contra a política do país. Sinceramente, acho que não é bem isso. A espontaneidade da canção não apela à revolta de nada, nem de ninguém. Não é um grito geracional: parece-me mais uma impressão de todas as gerações desapontadas, dos pequeninos aos grandes. A questão é, bem se vê, mais profunda e complexa, e só o tempo nos dará a resposta que esperamos. A canção prepara os fundamentos da mudança: quando o onde ocorrerá, ninguém sabe responder. Ou pensavam que o tempo e as vontades iam ficar na mesma?

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