18 de agosto de 2013

Positivamente Ponta Delgada

in AO, 15 de agosto de 2013

Segundo estatísticas europeias, é estimado em 2020 que 80% da população europeia viva em cidades, o que levanta já um conjunto de questões que devem ser alvo de reflexão e planeamento por parte das entidades responsáveis ao nível político, como ao nível económico.
Ponta Delgada não fica atrás desta tendência. E há questões que devem despertar a curiosidade e a reflexão, desde as ambientais, ao ordenamento e organização geográfico e territorial, à mobilidade urbana, à gestão dos recursos disponíveis, ao desenvolvimento económico sustentado, à componente cultural como garantia da identidade de um povo e como solução sócio-educativa complementar e de lazer, entre tantos outros pontos de intervenção. É por isso hora de decidir bem e com sentido de futuro. Ou seja: decidir por um amplo quadro de soluções inovadoras e de valor acrescentado que permitam gerir com equilíbrio e com verdade os recursos financeiros existentes, por um lado, e o real potencial de crescimento, por outro.
Sendo Ponta Delgada o maior e mais importante Concelho dos Açores, devemos todos ter um olhar clínico sobre a realidade, sem complexos dos erros do passado e com a inteligência proativa de no futuro fazer-se melhor. Mesmo que os recursos financeiros disponíveis sejam menores, como se constata no quadro orçamental e financeiro nacional para os próximos anos, e do qual não podemos fugir. Mesmo que tal represente uma forma diferente de ver e sentir a cidade e o Concelho…
Com uma população a rondar os 70 mil habitantes, dos quais uma percentagem de 24% está a receber RMG e RSI (fonte: http://www.publico.pt/autarquicas2013/município/ponta-delgada), imaginamos facilmente que os índices de iliteracia da população de Ponta Delgada são preocupantes. Por exemplo, apenas 14% da população possui ou frequentou estudos superiores. Perante estes números é emergente que nos foquemos em políticas sociais realistas, onde o trabalho e a integração são prioridades. Urge como tal defender práticas de proximidade que exponenciem a utilidade, a funcionalidade, e a rentabilidade das ações. E monitorizá-las continuamente tendo em vista o seu aperfeiçoamento.
Ao circular pelas freguesias e lugares mais afastados da urbe, constata-se que Ponta Delgada exibe uma vincada faceta rural e outra urbana, o que bem vistas as coisas não é tão negativo quanto poderia parecer, pois permite reforçar as raízes genuínas de um povo acolhedor, e que encontrará no turismo rural e de habitação uma alavanca crucial para a regeneração de pequenos nichos de atividade económica. Mas isso exige uma renovação de confiança que não é um mero pregão de circunstância, mas um ato de inteligência cívica, de crença e de emoção - devemos senti-lo e acreditar em todo o seu potencial. Não se promete que é tudo para amanhã, mas organizando no tempo as ações de uma intervenção de escala e integrada num projeto abrangente.
E, caros leitores, o mesmo se poderá aplicar à pequena indústria, ao pequeno comércio, à educação, à cultura, e demais áreas.
Em poucas palavras, teremos entrado numa nova fase da governação e da gestão autárquica, em que a verdade e sobretudo a responsabilidade mais do que palavras ocas e vãs, são valores de compromisso firme com as populações.

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